sábado, 11 de julho de 2009

Sobre morte, Michael e meu avô

Falar sobre a morte nunca é algo fácil. Porém, é sempre inevitável. Dias atrás, um dos maiores ícones da música pop foi a vítima. Como era de se esperar, sua morte foi altamente veiculada em todas as formas de mídia possível. Não, eu não era fã de Michael, mas todo este reconhecimento (ainda que depois de morto) era algo que eu já esperaria e acho até justo.

Os mais revoltados com o sistema ou com o mundo e os menos fãs do famoso falecido já não agüentavam ver notícias a respeito e questionaram a sinceridade de tantas homenagens. Eram comentários do tipo: “Morrem pessoas todos os dias e ninguém se importa.”; “Por que dar tanta importância a Michael?”; “Só porque ele era rico...”. Alguns mais exacerbados iam além: “Coitado! Morreu inconformado, sozinho e sem Deus.”

Então na última quarta-feira, recebi a notícia de que o meu avô, já enfermo e debilitado há algum tempo, havia falecido lá no Nordeste. Mais uma vez, junto à tremenda dor e ao sentimento de impotência, me peguei pensando na morte. E penso que a importância das pessoas deveria ser medida pelo impacto e a profundidade alcançada nas vidas daqueles a quem cada um influenciou, não importando quantidades.

Não creio que Michael seja assim tão indigno de todo o carinho que recebeu (depois da morte). Ele havia marcado não apenas um número inacreditável de pessoas, mas as havia marcado profundamente.

Já meu avô pode não ter influenciado milhões de pessoas ou tido o maior funeral de todos os tempos. E apesar de o seu nome não gerar inúmeros resultados na ferramenta “Google”, posso afirmar com certeza que aqueles a quem ele influenciou foram marcados profundamente. Em cada estação de rádio a pilha ligado, em cada conversa de cadeiras de balanço, em cada “bi-bi” do seu fusquinha azul, em cada partida de dominó, em cada pastilha de hortelã, em cada barrinha de doce de leite, em cada bateria de relógio, em cada prato de mingau de aveia, em cada pedaço de banana com farinha, em cada propriedade sua (devidamente embalada e identificada), em cada teimosia, em cada piada, gesto e palavra, em tudo era possível encontrar a dignidade que pode se esperar daqueles que ainda acreditam em um mundo melhor.

Tenho certeza de que sua existência marcou não apenas a mim ou aos demais familiares, mas a todos, numa pequena cidade do interior de Pernambuco chamada Araripina, que conheceram a caminhada e a luta de Abdias Sinfrônio de Araújo.

Com tristeza e lágrimas nos olhos, encerro esse texto, orando para que, de alguma maneira, sejamos consolados e torcendo para que Deus não seja assim tão cruel como alguns de seus seguidores o fazem parecer.

Leandro Neri

8 comentários:

Unknown disse...

Sábias palavras, meu amigo!
É realmente difícil dar adeus às pessoas queridas. Embora saibamos que a morte é inevitável, nunca estamos preparados pra isso.
Que Deus te abençoe e console.
Beijos!

Anônimo disse...

Belíssimo texto, apesar das circunstâncias... =/

Como a Cícera disse: "É realmente difícil dar adeus às pessoas queridas. Embora saibamos que a morte é inevitável, nunca estamos preparados pra isso."

Um abração e meus sentimentos à família.

Alinne Silva disse...

Meu amigo, ore junto com você pelo consolo que só o Senhor pode dar. Te amo muito, viu?

.hugo rocha. disse...

amém!

não é segredo que a tristeza produz textos formidáveis. é uma forma de tornar bela a dor. além das lágrimas, escrever é o melhor remédio nessa hora, penso eu!

minha solidariedade a você nessa hora, leandro. a maior dor que sofri até hoje foi perder um avô. faz um ano daqui a 41 dias

Anônimo disse...

Bem, os comentários acima descrevem muito bem o que penso sobre o seu texto.
Queria muito te dar um abraço pessoalmente, mas como por hora não há como fazer isso, deixo aqui meus votos de que sua família receba o maravilhoso consolo vindo de Deus. Tenho orado por isso.
Fique na paz.
Beijo,
Tai.

Professor Neri disse...

Olá meu filho Leandro e seus amigos, agradeço a Deus pelas palavras de vocês. Fiquei muito emocionado. De fato, seu Abdias Sinfrônio não foi simplesmente um pai, mas um grande amigo e conselheiro, de sorte que só tenho motivos para agradecer ao Supremo Criador que nos presenteou com este grande homem aqui na terra. Não tenho dúvida de que seu exemplo de vida nos motiva a prosseguir nossa jornada terrena, muito embora reconheça também que jamais me igualarei a ele enquanto homem dinâmico e sábio que foi.

A todos que visitaram o blog do Leandro, meus sinceros agradecimentos pelas palavras sinceras de pesares pela perda de meu pai. Que nosso Deus, de seu infinito trono de graça, derrame dos céus bênçãos sem medida sobre todos vocês.

Rivaldo Neri (pai do Leandro)

Leandro Neri disse...

Pessoal!
Muito obrigado a cada um que comentou! Dessa vez, não vou comentar de um por um não... Espero que compreendam!
Valeu pela força!
Vcs são preciosos!
Um abração ao meu pai e todos os amigos que comentaram e manifestaram seu apoio!

Will Lima disse...

Semana Corrida, não tive nem tempo de passar por aqui.

Sabe, o momento é de contrição, mas, não em entenda mal, me sinto feliz em poder estar ao seu lado mesmo em momentos difíceis. Sabe o qnt eu sou ruim com as palavras, mas espero que minha presença consiga externar oq não consigo falar.

Meus sentimentos à toda a família.
Deus os abençõe.