Sobre PROCRASTINAR - II – O Fabuloso Destino de Amélie Poulain

E a série de posts continua...

Uma das maneiras de se reconhecer um bom filme é assisti-lo uma segunda vez e avaliar as emoções que ele lhe provoca. Pra mim, assistir “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” pela segunda vez foi ainda melhor do que na primeira. As mesmas emoções da primeira experiência estiveram presentes desta vez combinadas com novas e diferentes percepções.

E o que isso tem a ver com procrastinação?

Amélie - interpretada por Audrey Tautou (Sophie, O código da Vinci) - é uma daquelas personagens adoráveis, que conquista a maioria dos espectadores ainda nos primeiros minutos de película, quando somos apresentados à sua solitária infância. Afinal, não é muito difícil ser arrebatado de carinho por uma linda garotinha que vive em solidão.

Após viver um momento crucial de sua existência, Amélie parece encontrar uma razão para mudar suas perspectivas. Agora, ela decide que precisa ajudar os outros. E, diga-se de passagem, sabe fazer isso como ninguém. Só existe um problema: enquanto se alegra ao transformar a vida de outras pessoas, nossa heroína esquece sua própria vida.

Na verdade mesmo, não esquece. Amélie Poulain é inteligente. Sabe o que quer e sabe o que precisa fazer para ver seus sonhos realizados. Ela simplesmente... não o faz. E foi nesse ponto que me deparei com a “Amélie” dentro de mim. Sempre temerosa quando o assunto é sua vida, ela elabora planos e estratagemas que, apesar de tornarem os momentos marcantes, apenas adiam ainda mais a sua felicidade.

Não são duas ou três as vezes em que a personagem principal se vê “de frente” com seus desejos, mas recusa render-se a eles. Sempre fugindo daquilo que quer. Sempre perdendo o que encontra. Sempre adiando. Sempre procrastinando.

Se você é do tipo “decidido”, pode até ficar meio que com raiva em alguns momentos. Se você for como eu, vai entender de uma maneira que é impossível explicar com palavras o que se passa na cabecinha tão cheia de idéias e sonhos de Amélie.

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Ainda bem que existiu um “Sr. Dufayel” para compreender e alertar Amélie no seu momento de maior fraqueza. Ainda bem que existiu um “Nino Quinquampoix” para insistir naquilo que queria, mesmo parecendo que as “brincadeiras” de Amélie não levariam a lugar nenhum.

Li certa vez que o mundo seria melhor se todos fôssemos como Amélie Poulain. Creio que esta seja uma meia-verdade. As “Amélies” da vida precisam de “Ninos” que façam os sonhos de mentes criativas se tornarem realidade. Talvez, se toda “Amélie” tivesse um “Nino”, haveriam menos “Dufayels”.

É. Você não entendeu nada desse final, não é?
Tudo bem! É só assistir o filme, então.
Um forte abraço e uma ótima semana!

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Leandro Neri

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